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sexta-feira, 21 de março de 2008

Artes - perspectiva, simetria e ponto-de-fuga na arte renascentista.


"A Escola de Atenas", afresco (pintura sobre parede) de Rafael (Raffaelo Sanzio). Roma, Stanza della Segnatura, Palácio do Vaticano. Data: 1511. A base do afresco é de aproximadamente 7,7 metros.

Nessa obra famosa, pintada por Rafael (1483/1520) em uma sala do Palácio do Vaticano por encomenda do Papa Júlio II, diversos filósofos gregos e não-gregos de diferentes épocas, além de vários cientistas, estão entretidos em animada conversação. Rafael representou, de forma idealizada e do ponto de vista renascentista, as mais importantes figuras da filosofia e da ciência do Mundo Greco-Romano.
Platão e Aristóteles, os dois filósofos gregos que mais influenciaram o pensamento ocidental, ocupam o centro do afresco e dominam toda a cena. Platão, um ancião, aponta para o céu com a mão direita, gesto que representa a "teoria das formas" (abstrata e intangível); o vigoroso Aristóteles, seu discípulo dileto, gesticula também com a direita em direção à terra, o que representa a "percepção pelos sentidos", base de sua concreta teoria do conhecimento. Platão defende, portanto, os méritos do idealismo, enquanto Aristóteles defende o realismo.

Ambos carregam livros. Platão tem em mãos o Timeu, um de seus diálogos mais estudados pelos renascentistas; Aristóteles segura o seu livro Ética a Nicômaco.

Vemos o filósofo "Sócrates em ação", argumentando. Diante dele, da esquerda para a direita, observamos Xenofonte de Atenas, com uniforme militar; Ésquines e Alcibíades, que segundo um dos diálogos de Platão, O Banquete, estava apaixonado pelo mestre. Mais abaixo, a filósofa neoplatônica Hipátia de Alexandria e o pré-socrático Parmênides de Eléia.

O filósofo Heráclito de Éfeso, segundo a tradição, era avesso ao convívio social. É mostrado, conse quentemente, isolado dos demais, sentado na escadaria, onde pensa e escreve. Essa parte da obra foi pintada por Michelângelo (1475/1564).


Um dos cientistas re- presentados por Rafael é o matemático Euclides que, inclinado sobre uma lousa com um compasso na mão, demonstra um de seus teoremas a um grupo de discípulos atentos.

O próprio Rafael fêz-se representar em permeio aos personagens da obra.


Vejam agora este estudo esquemático da obra:
Observem a precisão da simetria geométrica no estudo exposto. Vejam como os polígonos são concêntricos, afunilando a visão para o ponto mais centralizado, o chamado ponto-de-fuga, o qual exerce considerável efeito sobre a perspectiva da sobreposição dos planos nos quais os personagens estão simetricamente dispostos: um primeiro plano, mais frontal, e abaixo da linha da metade do quadro; um segundo plano, mais elevado, onde se colocam os principais personagens do quadro no sentido da concentricidade; um terceiro plano mais elevado e mais abstrato remetendo ao infinito.


O simbolismo da sobreposição dos planos demonstra a passagem da realidade material para a realidade espiritual num paralelo com a teoria de Platão sobre a dualidade do universo entre o físico - material, e o metafísico - espiritual, teoria esta encampada pela cultura cristã.

Observem a influência do mecanicismo de Galileu e do platonismo neste raciocínio: as idéias puras, abstratas, mais elevadas e mais próximas do infinito (o divino, o espiritual) são muito mais simples, com menos elementos tortuosos à visão e com tonalidades de cores bem mais leves, onde impera elementos puramente geométricos, portanto, matemáticos - a idéia subjacente é a de que a ciência, mesmo a mais racional, leva à Deus.

A aplicação da teoria do "retângulo de ouro" de Pitágoras é evidente na orientação estética da obra.

Há ainda a influência da ciência oficial da época, ainda que equivocada, pois percebe-se a sobreposição do plano esquemático do sistema geocêntrico de representação do universo - não é à toa que Ptolomeu é um dos principais personagens retratados no quadro.
Prof. Douglas Gregorio:: - março de 2008.
Parte do texto foi extraído do website www.greciantiga.org

O Homem Vitruviano, famoso esboço de Leonardo da Vinci,
onde se percebe o quanto os renascentistas procuravam relacionar as
proporções matemático-geométricas com os elementos da natureza.

Sistema geocêntrico de Ptolomeu, oficializado pela
Igreja na idade média, o qual provou-se posteriormente estar equivocado.
Não é difícil perceber aplicação de sistema geométrico
semelhante sobre "A Escola de Atenas" de Rafael.

quarta-feira, 12 de março de 2008

IRON MAIDEN - a última das grandes bandas.

A "última das grandes bandas", pois ninguém melhor conseguiu sintetizar o estilo construído cuidadosamente pelas "três grandes": Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath, precursoras do Heavy Metal. Assim podemos definir o Iron Maiden.

E atenção: não confundir o Heavy Metal com o Thrash Metal; este último pode sim ter sido uma decorrência do sucesso do primeiro, mas, salvo exceções como o Megadeth e o Metallica, implica num comercialesco ritmo de baixa qualidade musical caracterizado pela sobreposição da bateria sobre as guitarras, o que em absoluto não ocorre no Heavy Metal, que também conhecido pelos fãs como "som trabalhado", dado o seu lirismo e composições inspiradas na música clássica propriamente dita - acreditem se quiser. Confirmam isso clássicos do Iron Maiden tais como: Revelations, Childrens of the Damned, Rime of the Ancient Mariner, Run to the Hills, Flight of Icarus entre diversas outras.

Outros dois elementos da obra do Iron que o tornam muito especial são: primeiro, o primoroso trabalho de exploração dos temas mitológicos ao invés de um satanismo comercialesco e vulgar, presente até The Number of the Beast, mas que deixou de influenciar a banda a partir do álbum Piece of Mind, onde vemos em Flight of Icarus um exemplo super clássico do uso da mitologia grega. No álbum seguinte, Powerslave, notou-se a forte influência da mitologia egípcia. Tais nuances são atribuídas à formação humanística do vocalista Bruce Dickson, graduado em História. Segundo, o Iron apresenta uma postura política progressista sempre identificada com a denúncias de injustiças sociais. Ao contrário de outras bandas como o Guns'n'Roses onde percebe-se influências de cunho nazi-fascista nas letras, o Iron Maiden nos apresenta jóias como a denúncia presente em Run to the Hills, em que conta a história real do genocídio indígena ocorrida na colonização das Américas - isso vindo de uma banda britânica, ou ainda sua posição mais recente de crítica à intervenção dos Estados Unidos no Oriente Médio.

O Rock in Rio de 1985, auge da tour Powerslave foi considerado o maior show da história da banda, fundada nos anos 70, com estimativas de público que variam de 200 a 300 mil pessoas, e há quem fale até em 400 mil. Em São Paulo, o estádio do Palmeiras abrigou os principais shows que o Iron Maiden realizou no Brasil ao longo de sua carreira, inclusive o primeiro em São Paulo, na tour Fear of the Dark, o que valeu a entrada do Palmeiras como o único time brasileiro que tem o seu nome relacionado num álbum oficial do Iron Maiden, A Real Live One, apesar do errinho perdoável de português com o qual acabou sendo publicado: Fear of the Dark tour - Brazil - "Palmeiros" Stadium.

Douglas Gregorio::
Março de 2008.